.[2020]/3º corpo crítico
por: Kênia Freitas
dias: 22, 23, 27 e 30 de Outubro
horário: 14h30 às 17h
local: On-line
carga horária: 10 horas
vagas: 10
.experimentações críticas por um cinema implicado
Apresentação
Como pensar o fazer crítico em meio às crises sanitárias, econômicas, políticas que nos estilhaçam? Como partilhar o encontro e o pensamento através das múltiplas telas que tanto nos conectam quanto nos enquadram? Se a crítica de cinema pode ser essa conversa interminável entre filmes, realizadoras e realizadores e os públicos, como essa crítica se (re)posiciona nos festivais em casa? Essas são perguntas que propomos como inquietações partilhadas para os encontros (on-line) do Corpo Crítico durante o FestCurtasBH 2020.
Diante de incertezas e precariedades escancaradas pandemicamente, propomos essa oficina teórica-prática como uma partilha de experimentos críticos sobre filmes. Movendo-nos com as reflexões de Denise Ferreira da Silva e sua Poética Negra Feminista para pensarmos o cinema, os filmes e a crítica cinematográfica como partes implicadas de um mundo implicado. Um mundo em que tudo está permanentemente conectado, e do qual as imagens e o cinema não se desconectam. Assim, os encontros teóricos-práticos do Corpo Crítico deste ano convidam os participantes da oficina ao desenvolvimento de experimentos críticos que se impliquem com e impliquem a programação de filmes do FestCurtasBH 2020.
.proposta metodológica
As aulas serão teóricas e práticas. As discussões terão como base as referências destacadas para cada encontro e um conjunto de filmes exibidos no festival previamente combinados entre professora e participantes (com exceção do 1º encontro). Em cada aula, uma questão chave servirá como disparadora do debate e dos experimentos críticos desenvolvidos.
.programa dos encontros
Encontro 1. Deslocamentos críticos por um cinema implicado
Quais as possibilidades teóricas e práticas para a construção de um pensamento sobre/com o cinema que o implique e se implique no mundo?
Referências:
DOS SANTOS, Matheus Araujo. Atravessando abismos em direção a um Cinema Implicado: negridade, imagem e desordem. Logos, [S.l.], v. 27, n. 1, jun. 2020.
GALINDO, Bruno. “Crônicas de Ouro Preto #2: Travessia em Vera Cruz”. In: Cine Festivais.
Disponível em: https://cinefestivais.com.br/cronicas-de-ouro-preto-2-travessia-em-vera-cruz/
What we are talking about (Ana Pi, 2016).
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lQP3LR1nIHg&feature=emb_title&ab_channel=AnaPi
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Encontro 2. Poética Negra Feminista
Virtualidade, transubstancialidade, transversalidade e atravessabilidade como guias para imaginação conseguem emancipar o pensamento sobre o cinema da prática crítica atrelada à filosofia moderna?
Referências:
ALMEIDA, Carol. “Contra a velha cinefilia: uma perspectiva feminista de filiação ao cinema”. In: Fora de Quadro.
Disponível em: https://foradequadro.com/2017/09/19/contra-a-velha-cinefilia-uma-perspectiva-feminista-de-filiacao-ao-cinema/
FERREIRA DA SILVA, Denise. A Dívida Impagável. Tradução: Amílcar Packer e Pedro Daher. São Paulo: Oficina de Imaginação Política e Living Commons, 2019. [“Introdução: (Di)Ante(s) do Texto” e “Para uma Poética Negra Feminista: A Busca/Questão da Negridade Para o (Fim do) Mundo”]
SMITH, Cauleen. “COVID MANIFESTO”. In: DE CUIR, JR, Greg. RADICAL ACTS OF CARE: ACT II.
Disponível em: https://mediacityfilmfestival.com/exhibitions/radical-acts-of-care-act-ii/
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Encontro 3. Pela opacidade nos filmes e na crítica
Quais estratégias discursivas podem ser experimentadas com os filmes e a partir da crítica para desmontar as armadilhas da transparência/visibilidade/representação?
Referências:
FREITAS, Kênia. “Afrofabulações e opacidade: as estratégias de criação do documentário negro brasileiro contemporâneo”. In: RICARDO, Laécio (org.).Pensar o documentário: textos para um debate. Recife: Ed. UFPE, 2020.
GLISSANT, Édouard. “Pela Opacidade”. In: Poétique de la relation. Revista Criação & Crítica, n. 1, p. 53-55, 2008. Tradução: Henrique de Toledo Groke e Keila Prado Costa.
ROCHA, Lorenna. “Como podemos olhar (e nos relacionar com) a diferença? – New York, just another city (2019) e Teko Haxy – ser imperfeita (2018)”. In Sessão Aberta.
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Encontro 4. Fabulação: especulações e experimentações
Como o fazer crítico pode fabular/especular/experimentar/performar para e contra o cinema?
Referências:
FREITAS, Kênia. “Fabulações críticas em curta-metragens negros brasileiros”. In: Multiplot.
Disponível em: http://multiplotcinema.com.br/2019/03/fabulacoes-criticas-em-curta-metragens-negros-brasileiros/
HARTMAN, Saidiya. Vênus em dois atos. Tradução não-oficial para a cena Anastácia como Vênus de Yhuri Cruz. Com Caju Bezerra, Iagor Perez e Jade Zimbra.
Disponível em: http://yhuricruz.com/wp-content/uploads/2020/09/V%C3%AAnus-em-dois-atos-Tradu%C3%A7%C3%A3o-n%C3%A3o-oficial-Yhuri-Cruz_compressed.pdf
MOMBAÇA, Jota; MATTIUZZI, Musa Michelle. “Carta à leitora preta do fim dos tempos”. in: FERREIRA DA SILVA, Denise. A Dívida Impagável. Tradução: Amílcar Packer e Pedro Daher. São Paulo: Oficina de Imaginação Política e Living Commons, 2019.
.ministrante
Kênia Freitas é crítica e curadora de cinema, com pesquisa sobre Afrofuturismo e o Cinema Negro. Fez estágios de pós-doutorado (CAPES/PNPD) no programa de pós-graduação em Comunicação na UCB (2015-2018) e no programa de pós-graduação em Comunicação da Unesp (2018-2020). Doutora pela Escola da Comunicação da UFRJ na linha Tecnologias da Comunicação e Estéticas (2015). Realizou a curadoria das mostras "Afrofuturismo: cinema e música em uma diáspora intergaláctica", "A Magia da Mulher Negra" e "Diretoras Negras no Cinema brasileiro". Escreve críticas para o site Multiplot!. Ministra cursos e oficinas sobre cinema negro, afrofuturismo e fabulações.